Menu Fechar

Leon – Santiago de Compostela 2008

O raide decorreu entre 20 a 24/05/2008

Quando um colega me emprestou um folheto como o caminho Francês em bicicleta, começou logo a crescer novamente o espírito vivido no ano anterior em que efectuamos o caminho de Santiago desde o Porto. E foi mesmo na noite de passagem de ano que eu e o Cristiano começamos a “fermentar” esta ideia, no 1º passeio de 2008 que lançámos a ideia e daqui até ao dia de partida foi um ápice. Mas se a logística do ano passado já não foi fácil, efectuar o caminho francês parecia ainda mais difícil. Com uma extensão total de + – 800 kms, e tendo em conta os dias disponíveis, optámos por efectuar os últimos 305 kms com partida em Leon (Espanha) dia 21 e chegada a Santiago dia 24 . Após ultrapassada esta primeira fase, lá se começou a formar o grupo e a forma como iríamos realizar esta tarefa. A primeira opção foi a de efectuar o caminho em autonomia, mas esta ideia foi abandonada pois a Mundimat resolveu disponibilizar uma das suas carrinhas que iria dar apoio tanto no transporte até Leon, como durante o passeio. Optámos desta vez não efectuar qualquer marcação para as dormidas, mas sim encarar este passeio tal como os peregrinos, dormindo também nos albergues que iríamos encontrar ao longo do percurso. Atendendo aos números de dias que eram necessários para realizarmos este passeio, o grupo foi apenas de oito participantes sendo 1 J.J. (Jacinto carvalho) o nosso motorista e aquele que teve a tarefa de durante 4 dias procurar alimentação e ao mesmo tempo tentar localizar-nos dentro da imensidão de Serras que fomos encontrando ao longo dos dias, para nos manter bem nutridos.

Dia 0 Azeitão Partida de Azeitão às 7:00 Horas Chegada a Leon 17:00 horas locais

Com a chegada a Leon por volta das 17:00 horas locais, era necessário procurar rapidamente onde dormir, felizmente e após algumas voltas à cidade lá encontramos dois polícias da guarda civil que ao contrário dos (nossos que só pensam em multar), tiveram a amabilidade de nos escoltar até ao albergue. Após a primeira abordagem deparámos com a primeira dificuldade (bicicletas não entravam no albergue). Com meninas tão valiosas era preciso dar a volta e foi aí que nos valeram os sacos do Carlos Trancadas e do Cristiano, que transportaram as respectivas para dentro de um quarto de 8 pessoas, como devem calcular, biclas, sacos e 8 marmelos tudo dentro de uma camarata não foi fácil de arrumar mas…. lá conseguimos. Após este pequeno percalço lá fomos jantar e preparar as pernas para aquele que ia ser o 1 de 4 dias a pedalar.

Dia 1 Leon / Riego de Ambros Distância ± 92 kms Altimetria ± 2,000 mts Alvorada 5:45 Partida 8:00 horas Chegada 14:00 horas

Após “trasladação” das bikes para a rua novamente dentro dos 2 sacos, lá começamos os preparativos para esta primeira etapa. Sem pequeno-almoço, lá fomos até à Catedral que iria servir de ponto de partida perto das 8:00 horas. Com dificuldades em encontrar as “setas ou vieiras” que nos indicam o caminho (Trajecto muito mal marcado dentro da Cidade) lá conseguimos finalmente sair da cidade. Com os primeiros kms a efectuarem-se em ritmo de aquecimento lá conseguimos comer qualquer coisa num café à saída da cidade. Com o caminho constituído essencialmente por estradões, esta etapa apenas prometia mais dificuldades já perto do final. Com muitos peregrinos a pé, e com o caminho agora sim perfeitamente identificado lá começamos a “saga” dos carimbos, pois era importante carimbar a credencial do peregrino para comprovar a realização deste trajecto. Com paragem para reabastecimento marcada para Astorga, a chegada a este local deu-se por volta das 11:00 horas, e tal como combinado lá estava o amigo J.J. à nossa espera. A etapa continuou, sendo que foi a partir daqui que começamos a sentir as verdadeiras dificuldades pois a subida de + – 8 kms em direcção à famosa Cruz de Ferro situada a uma altitude de 1,504 mts e com inclinação a atingir os 5,6% não foi nada fácil. 

Com a chuva a aparecer o frio também aumentou e as dificuldades essas nem é preciso mencionar, mas sem qualquer percalço lá conseguimos atingir o pico mais alto desta etapa, onde se encontrava novamente o nosso J.J para nos brindar com mais qualquer coisa de comer e dar-nos ânimo para o resto da etapa agora sim a descer…… Se a subida foi complicada, a descida então parecia digna de uma pista de downhill com um desnível que chegou a atingir os 26,6% foram 10 kms por entre calhaus e vegetação simplesmente espectacular, mas como a chuva não dava tréguas optámos por ficar em Riego de Ambros (12 kms antes do final inicialmente proposto Ponferrada).

Dia 2 Riego de Ambros / Triacastela Distância ± 84 kms altimetria ± 2,000 mts Alvorada 5:45 horas Partida 7:30 horas Chegada 15:00 horas

Com uma manhã fria e a ameaçar chuva a qualquer momento, lá saímos por volta das 7,30 horas mas desta vez já com o pequeno-almoço tomado. Até Ponferrada, tivemos oportunidade de apreciar um amanhecer memorável por entre montes verdejantes e com descidas perigosas mas simplesmente espectaculares podendo visualizar ainda algumas serras com neve. Como no dia anterior não tínhamos conseguido efectuar a etapa na totalidade, era preciso dar às canetas para recuperar os kms perdidos no dia anterior. Com o tempo a ajudar esta prometia ser a etapa mais dura deste percurso, pois contava com uma subida dos 800 aos 1.320 mts (CEBREIRO) em apenas 10 kms conferindo um desnível que atingiu 17,5%, verdadeiramente dos mais difíceis que já efectuámos e com 2 ou 3 kms com a menina quase ao “colo”, servindo apenas de conforto o tempo que até ao cimo desta montanha felizmente se manteve sem chover, e mais uma vez as paisagens inesquecíveis. 

À chegada ao Cebreiro, os sinais de cansaço eram evidentes e os kms pesavam e bem, e mais uma vez lá estava o J.J com mais qualquer coisa para nos dar força até ao final. Quando saímos daqui já eram mais ou menos 14 horas, não podíamos desanimar sob pena de não conseguirmos concluir esta etapa, e por entre brincadeiras e estímulos lá seguimos em direcção a Triacastela, felizmente que esta parte do percurso apesar de manter um grau elevado a descida foi mais uma vez espectacular por entre montes e vales os 12 kms finais foram sempre com médias de quase 50 kms hora e com desnível que atingiu os 12,5%. Chegada a Triacastela a nossa amiga chuva teimou em aparecer e foi mesmo aqui que ficámos, num albergue que parecia uma camarata da tropa mas que deu pelo menos para descansar as pernas e retemperar a adrenalina que tinha atingido o auge com esta descida.

Dia 3 Tricastela / Casanova Distância ± 72 kms Altimetria ± 1,000 mts Alvorada 5:45 Horas Partida 8:00 Horas Chegada 14:00 Horas

Depois de uma noite com muita chuva, e rodeado de muitas pessoas (+ – 16 pessoas dentro da mesma camarata), a alvorada era de expectativa pois não estávamos habituados a acordar no meio de tanta gente e não sabíamos como ia ser aquela azáfama da manhã com a correria para os W.C, mas felizmente tudo correu sem sobressaltos e lá nos pusemos a andar.
E para começar nada melhor que uma subida para esticar as pernas, sendo que os primeiros 3 kms foram feitos por entre alguma lama e com alguns chuviscos à mistura. Com o decorrer dos dias, as etapas também iam diminuindo de dificuldade sendo que até Portomarin (pequeno-almoço)as coisas foram feitas bastante depressa.Como esta era a penúltima etapa o objectivo era de fazer o máximo de kms para deixar para o último dias o menor nº possível de kms, mas a partir de Portomarin a chuva resolveu aparecer e foi-se mantendo com algumas abertas mas que chegava para arrefecer. A chegada a Palas De Rei (local escolhido inicialmente para terminar a etapa) deu-se por volta das 13 horas e como todos estavam razoavelmente bem das canetas optámos por andar mais alguns kms, mas passados 6 kms caiu “tamanha” carga de água que nos deixou quase paralisados, foi quando avistámos um albergue e optámos por parar.

Bendita a hora, pois este local, de albergue não tinha nada mais parecendo uma casa de turismo rural Casa Domingo, com os seus donos pessoas jovens muito disponíveis e casa excelentemente decorada, onde se prima pelo bem estar e bom acolhimento, sendo a salamadra que se encontrava na sala de almoço o cartão de visita para os peregrinos que aqui chegam exaustos de mais um dia árduo. Mas as coisas boas não ficaram por aqui sendo neste albergue que podemos confraternizar com um peregrino brasileiro (Carlos) e uma peregrina Alemã, que facilmente se tornaram num uma excelente companhia para o jantar. Mas…, e tal como num famoso concurso, as surpresas não acabaram aqui, pois o dono do estabelecimento após o jantar brindou-nos com uma excelente Queimada (bebida efectuada com aguardente e açúcar que é queimada a gosto do cliente, ou seja se queimar muito fica mais doce, se queimar pouco fica menos doce mas mais alcoólica) que nos proporcionou um sono bem mais descansado. Foi também aqui que os nossos colegas Arnaldo e Tiago nos abandonaram (tinham prova de downhill em Vila Real).

Dia 4 Casanova /Santiago de Compostela Distância ± 62 kms Altimetria ± 800 mts Alvorada 6:00 Horas Partida 8:00 Horas

O dia D chegou por volta das 6 horas, e no ar pairava uma certa ansiedade pois esta era a ultima etapa e o espírito do dever quase cumprido estava a aproximar-se.
Esta sim a etapa mais rolante, sem grandes dificuldades mas com muita chuva.A chegada a Santiago deu-se por volta das 13:30 e se não nos tivéssemos despachado nas fotos da praxe estávamos tramados, pois começou a chover copiosamente durante quase 2 horasdificultando-nos quer na arrumação do material quer no levantamento da respectiva Compostela.

Nota Final:
Não podia deixar de salientar que o nosso percurso foi efectuado na integra pelo caminho que os peregrinos efectuam a pé ao contrário de muitos (quase todos) ciclistas que efectuam o caminho pelo asfalto, que torna este percurso muito mais fácil e ao mesmo tempo muito mais limpo e menos bonito.

Agradecimentos:
Queriamos agradecer ao nosso patrocinador a Mundimat que teve a amabilidade de nos disponibilizar uma viatura para nos dar apoio nesta caminhada. Ao nosso colega Jacinto Carvalho que teve a difícil tarefa de nos conduzir nesta viagem e ao mesmo tempo apoiar-nos com a alimentação que foi indispensável durante esta cominhada e fornecida nos sítios mais difíceis. Queria deixar também uma palavra de agradecimento a todos os peregrinos que fomos encontrando ao longo de todo o percurso e que de uma forma ou outra nos dirigiam palavras de incentivo, ao amigo brasileiro votos que tenha chegado bem ao final. Por fim agradecer a todos os colegas do pedal que se foram ajudando nos momentos menos bons mantendo a boa disposição, harmonia e entreajuda queé tão vincada no nosso grupo para que o mesmo chegasse ao fim sem se ter registado qualquer queda, avaria ou desistência.

Participaram nesta travessia:

Cristiano Carvalho
Carlos Trancadas
Ismael Martins
Arnaldo Monteiro
Tiago Rodrigues
Paulo Rocha
José Ribeiral
Jacinto Carvalho (Drive control)

Até à próxima……………. quem amanda um palpite??? GR22 – Rota Das Aldeias Históricas ( GPS ) ??????? Quem sabe!!!!!!!!!!!

José Ribeiral
Clube BTT de Azeitão

Deixe um comentário