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TransNorte – 2011

1 a 4 Maio 2011

Ao longo dos últimos anos a prática do Btt tem vindo a assumir dimensões fora do vulgar, com um crescente nível de popularidade e de adesão que tem vindo a contagiar desde os mais pequenos até aos mais idosos.
Este fenómeno tem vindo a ser acompanhado pelo crescente número de eventos um pouco por todo o país, tanto de carácter competitivo como de lazer. 
À semelhança de tantos outros clubes, o clube de Btt de Azeitão surgiu em 2005 e desde então tem vindo a desenvolver / divulgar a região onde nos inserimos (Arrábida) com a organização de eventos anuais, mas também tem procurado conhecer um pouco melhor o nosso belo país com a participação em eventos um pouco por todo o lado, e de Norte a Sul já participou nas mais diversas provas. 

Nos anos anteriores o clube também tem tentado fazer algo de diferente, fugindo um pouco ao clássico evento onde toda a gente se reúne para fazer determinado passeio e no final do dia regressa a casa com a sensação que naquela região ou naquela localidade muita coisa bonita ficou para ver. 
Foi então que surgiu a ideia de todos anos organizarmos um evento diferente tanto pelas características como pelos percursos escolhidos e desde os caminhos dos peregrinos de Lisboa a FátimaCaminho português até Santiago de CompostelaCaminho Francês de Santiago de CompostelaAldeias Históricas e Tróia Albufeira todos os anos juntamos os sócios e alguns amigos para podermos passar uns dias a conhecer algo que de outra forma seria mais difícil.

Este ano não quizemos fugir à regra e, para manter a tradição realizamos o “nosso TransNorte”, este evento destinado apenas a sócios e alguns convidados realizou-se entre os dia 01 e 04 de Maio, sendo composto por 4 etapas com início em Rio Honor de Castilla, terminando nas Termas de Monfortinho. 

O percurso realizado na sua maioria por trilhos acompanhando o Douro Internacional, será guiado por GPS, sendo que durante as etapas vamos passar pelos pontos de interesse das mais diversas localidades. 
O evento sem qualquer caracter competitivo, visou essencialmente proporcionar a todos os participantes 4 dias de diversão, camaradagem e dar a conhecer de uma forma descontraída algumas regiões do nosso belo país. 

Para poderem ver os locais por onde passámos, assim como a composição das várias etapas aqui fica uma pequena amostra:

Mais um evento com a chancela Clube BTT de Azeitão. Já programado há mais de um ano que só agora foi possível efectuar. Após algumas reuniões definimos as datas em que iríamos efectuar a ligação entre Rio Honor, em Espanha, e Monfortinho, no nosso Portugal, após 350 km, de BTT, pelo interior norte.

A partida de Azeitão após a acomodação de toda a bagagem, bikes e respectivos BTTistas, num total de 6 mais o condutor da carrinha, aconteceu por volta das 13:30, dentro do horário previsto. A viagem decorreu dentro da normalidade, apenas se complicando nos últimos 200 quilómetros pela chuva e pelas obras que apanhámos na estrada, que nos obrigaram a vários desvios. Por volta das 20 horas chegámos a Bragança, onde nos acomodamos e fomos informados onde poderiamos jantar. O jantar foi “posta mirandesa” que segundo a opinião de todos os que ali se encontravam era a melhor que jamais havíamos comido, estava realmente extraordinaria.

A não referência à designação dos estabelecimentos que frequentámos é propositada e não uma mera coincidência, pois nos dias de hoje a publicidade deve ser paga ou pelo menos contratada.

Dia 1 (corresponde também ao calendário), foi realmente o primeiro dia da nossa travessia, saímos de Bragança na carrinha em direcção a Rio Honor, onde começámos mais uma aventura. O nosso maior receio era o estado do piso devido as chuvadas dos últimos dias, bem como a chuva que iria cair nesse dia. Os primeiros quilómetros foram efectuados a bom ritmo, num piso que nos permitiu progredir, por serras e vales, com muitas passagens de ribeiras, numa paisagem verdejante e nesta época do ano exuberante. A parte final seria teoricamente a mais fácil. o que na realidade não se verificou pois a meio do percurso começou a chover de uma forma intermitente e o terreno ficou muito pesado com muita lama, obrigando a um esforço extra para progredirmos. A chuva embora intermitente não nos deixava secar voltando a cair sempre com bastante força, quando já pensavámos que tínhamos a nossa dose. Tivemos como únicos precalços do dia um furo e uma corrente partida, ambos resolvidos num instante pelo nosso mecânico de serviço. Por volta das 17 horas, chegámos a Sendim, onde tivemos o primeiro descanso de recuperação até ao dia seguinte, após 94 km, com um desnível acumulado de 1890 metros a uma média de 12 km/hora. Ao jantar mais uma posta, desta vez à “Sendinense” e toca a recuperar até ao dia seguinte.

Dia 2, partida como de costume por volta das 8 horas, após mais um bom pequeno almoço reforçado. Os primeiros 30 km foram os mais complicados, tendo nesta altura sido atingido o desnível acumulado de aproximadamente 800 metros. Tivemos como ponto alto do dia a deslocação a dois miradouros sobre o rio Douro dignos de registo com a observação do Douro Internacional e das Águias Reais que ali habitam e que por diversas vezes se exibiram mesmo à nossa frente. Primeira queda/mergulho da deslocação com todos a assistirmos e a ficarmos apreensivos, mas sem resultados de maior. Ainda neste dia o prato do meio de uma das pedaleiras cedeu a tantas agruras do meio ambiente “hostil” em que nos encontrávamos e partiu. Sim, hostil, principalmente quando ficam dois dos parafusos que seguravam a dita cuja pelo caminho. Nesta altura faltavam 10 km’s para o fim e por sorte foi sempre a descer. Numa dessas descidas fizemos um “escadaria” em xisto que só alguns se dignaram a descer sempre montados, pois o nível técnico era bastante exigente e apenas comparável com a beleza da zona envolvente. Chegada a Barca de Alva, onde entre todos contornámos a questão da pedaleira partida, participando cada um na resolução do problema à sua maneir. Antes da deita já era um “alivio”, problema resolvido.

Dia 3, partida de Barca de Alva a subir como começava a ser normal, e a subir significa um “lote” de verdadeiras paredes por entre o Douro Vinhateiro, com a cereja no topo do bolo na subida a Castelo Rodrigo, efectuada por alcatrão, sendo apenas uma nova perspectiva, pois já por ali tínhamos passado noutras andanças ( Rota das Aldeias Históricas ). A saída de Castelo Rodrigo foi efectuada também por um caminho nosso desconhecido o que foi agradável, pois não era nossa intenção uma deslocação de tal ordem, igual a outra que já tínhamos efectuado no passado. A partir daqui o percurso era bastante rolante e rapidamente chegámos a Almeida, onde contornámos o castelo pela parte de dentro das muralhas, e onde fomos presenteados com dois frangos assados, o que naquela altura foi um verdadeiro manjar dos deuses. Tivemos ainda direito a uma pinga que não era produto da zona, nem sei se tinha álcool, mas que apenas deu para provarmos, o que seria? Chegada a Alfaiates por volta das 17 horas, com um acumulado de 1700 metros e uma media de 13,50 km hora. Este foi o dia mais acessível em termos de dificuldade física.

Dia 3e último, saída de Alfaiates a subir conforme normal e com vista privilegiada sobre as “ventoinhas”, quais moinhos de D. Quixote, que já são nossos conhecidos e que teimámos em ver de perto, embora estejam sempre no alto e não sejam alucinações. Este dia ficou marcado por um súbito encontro com dois veados, que acompanhámos durante alguns segundos. Tivemos ainda como dificuldade acrescida a passagem de várias ribeiras e dois rios, um com água bem acima do joelho e outro com água acima cintura. Numa destas passagens tivemos a incrível visão de uma das bicicletas de súbito começar a boiar. O maior teste ao carbono alguma vez efectuado, será que vai ao fundo, não, não vai, de tão leve que é. Tal facto ficou devidamente documentado, verdadeiramente inacreditável, mas nós não éramos 6?. Chegada a Monfortinho por volta das 15:50, num dia em que os GPS marcavam aproximadamente 1500 metros de desnível acumulado, mas as nossas pernas indicavam 1900/2000, pois a verdade é que parecia termos subido muito mais, efectuando muitos quilómetros entre marcos geodésicos que se iam seguindo. Com a ajuda da água fria das ribeiras fomos acalmando os músculos das pernas que já acusavam o desgaste de 4 dias

Mais uma vez pudemos contar com os GPS para nos indicar o caminho, segunda ferramenta a seguir às bicicletas, os abastecimentos fornecidos pelo colega do pedal Francisco e a carrinha gentilmente cedida pela MR Costa.

Consideramos que esta foi mais uma aposta ganha pelo Clube BTT de Azeitão, em que tudo ou quase tudo nos correu de feição, até a chuva, nos acabou por proporcionar duvidas que foram tema de conversa durante kms e kms, será que vamos conseguir passar os rios que estão no fim do track? e que acabaram por ser apenas mais duas questões resolvidas com as bikes às costas. Foi um passeio verdadeiramente bonito e que nos deu prazer efectuar, alargando o leque das nossas experiências sobre duas rodas a pedal. Muito mais haveria a escrever mas o melhor é mesmo ir lá verificar no terreno aquilo que aconteceu e acontece em tais experiências.

Até à próxima.

Texto de José Cristo

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