Foi com grande expectativa que efectuámos todos os preparativos para aquela que iria ser a tirada mais longa para a maioria dos que se propunham fazer a ligação de Tróia a Sagres, num único dia, partindo as 8 da manhã com o objectivo de chegar ainda com a luz do dia, nos mesmos parâmetros de quem já em 1990 teve tal ideia e que nos permitiu passar pela mesma experiência e a quem louvamos tal iniciativa. A quem desde já agradecemos ter tido tão grande ilusão que se tornou ao fim de 16 anos no esforço de centenas de pessoas que apenas têm o desejo de mostrar a si próprias que estão vivas e que podem atingir as metas a que se propõem nesta nossa grande modalidade em que quem impõe os limites somos nós próprios.
As nossas dúvidas foram dissipadas, primeiro quando vimos a carrinha carregada, e bem carregada, com todas as bikes e o material, de uma forma pouco ortodoxa, mas prática, pois permitiu-nos chegar a Setúbal. Depois, quando todos pensámos que nos iríamos deparar com outro problema, ou seja, não haver barcos para atravessarmos o Sado, eis que estava um senhor dentro de uma cabine que nos informou que bastaria pagar os respectivos bilhetes. Mais uma boa notícia.
Passar o Sado em poucos minutos numa viagem calma e em amena conversa em vez de uma viagem de carro que seria de mais de uma hora, foi um instante e quando demos por nós estávamos na outra margem já em cima das bikes e prontos a partir, após a breve fotografia de praxe, que teve mesmo que ser breve. Arrancámos então para a tirada.
Os poucos graus que estavam naquela fria manhã não deixavam adivinhar o dia ameno com muito sol e que até dava para apreciar a paisagem para quem não ia no limite das suas forças e conseguia levantar a cabeça, o que não era possível a todos.
Efectuámos diversas paragens durante o trajecto. A primeira junto a Sines e as seguintes de aproximadamente 40 em 40 km. Apenas um elemento do nosso grupo, composto por dez participantes, não conseguiu chegar ao fim.
Durante o trajecto, foram muitas as peripécias, mas os pormenores ficam para quem os presenciou ou sentiu na pele, sendo certo que em 210km foram mesmo muitos, pois pode ser que assim se venha a incutir curiosidade em que venha a ler estas linhas. No entanto, uma coisa podemos garantir: na nossa memória ficam momentos inesquecíveis que não conseguimos expressar, nem por escrito nem nas fotografias em anexo. E uma fotografia vale por mil palavras.
Apenas esperamos que na próxima “edição” possamos voltar a alcançar os mesmos objectivos ou, se possível, superá-los, o que seria bom sinal.
Uma coisa é certa: fica muito por escrever mas tudo isso está contido na memoria de todos os participantes e só quem embarca nesta aventura pode adquirir a experiência, que essa sim fica sem esforço, pois o esforço foi “apenas” para chegar ao fim. As estatísticas e números que poderia transcrever para este texto ficam também apenas para quem participou pois julgo não ser o mais importante ficando-se apenas por isso mesmo, estatísticas, que nem sempre revelam o que realmente foi sentido por quem participou, acrescentando apenas que chegamos todos ainda com a luz solar.
Fica ainda uma nota de agradecimento aos Bombeiros Voluntários de Aljezur, pela sua também inestimável colaboração.