Das múltiplas conversas que temos sobre estas coisas das bicicletas, mais cedo ou mais tarde acabamos por ouvir falar neste evento, pelo que, o desejo de nele participar acaba por surgir normalmente. Com ele surge também, a definição de uma metodologia de preparação, a qual nos permita enfrentar os mais de 200Km por asfalto, com alguma (a possível) naturalidade.
Pelo que nos foi dado a conhecer, ainda não foi encontrado consenso quanto à quilometragem do Tróia – Sagres. As medições divergem entre 200Km e 210Km, os quais podem ser divididos em 3 troços diferentes: Tróia-Sines, Sines-Rogil e Rogil-Sagres.
a) Tróia-Sines
São 70Km. O piso é bom, extremamente rolante e não encerra dificuldades de maior. Interessa sobretudo não extravasar o nosso ritmo, para que a factura dum eventual esforço adicional, comprometa o desempenho nos quilómetros subsequentes
b) Sines-Rogil
São 90Km. É a pior parte do percurso. As subidas de S. Teotónio e Odeceixe, o piso irregular, por vezes mau que, dificulta o rolamento, e a orografia que impede a manutenção do ritmo constante. Há que tentar ultrapassar as dificuldades, gerindo o esforço, de modo a não exceder os nossos limites
c) Rogil-Sagres É o ponto chave! Marca a entrada no Algarve e quem aqui chegar em boas condições, não terá dificuldades para atingir Sagres. Quem estiver debilitado, deverá procurar recuperar, sob pena de “bater contra a parede” na subida de 7Km, na Carrapateira, ou mesmo antes , no sobe e desce após Aljezur.
Pedalar durante tantas horas seguidas, a um ritmo constante e elevado, será algo que habitualmente não fazemos. Por isso, a preparação adequada, uma bicicleta ajustada à actividade, uma alimentação cuidada e a integração num grupo de andamento semelhante e homogéneo, são na minha opinião, a chave do sucesso para terminar o Tróia – Sagres. Aqui ficam algumas ideias…
A preparação Trata-se de um tipo de esforço puramente aeróbico. Apenas existem 3 subidas, onde o regime pode entrar na anaerobiose, mas ainda assim por pouco tempo, e com possibilidade de recuperação imediata.
A preparação deverá ser assim orientada para esforços deste tipo. Não são precisos muitos quilómetros de treino intenso para fazer o Tróia – Sagres. É necessária sim, actividade semanal frequente, onde a cadência e a regularidade tenham um papel fundamental.
A semana que antecede o evento deverá ser aligeirada à medida de cada um, para que se possa enfrentar o desafio devidamente repousados.
A bicicleta A adequação da bicicleta à tipologia do evento é fundamental para que dele possamos retirar o maior prazer. A utilização de slicks será fundamental, preferencialmente de medida não superior a 1.0, com as pressões perto do máximo permitido. De resto tudo o mais será possível; até a utilização de bicicletas de suspensão total, ainda que uma rígida de suspensão dianteira bloqueada, ganhe vantagem significativa. Serão ainda possíveis alguns “devaneios”, como a montagem de pedais, pedaleiras e cassetes de estrada.
A véspera do evento A véspera do evento será tão importante como o próprio dia, pois a alimentação deverá ser rica em hidratos de carbono complexos, e as horas de sono as adequadas. Devemos evitar o consumo de alimentos/bebidas com propriedades diuréticas, bem como fazer algo anormal à nossa rotina habitual
O dia D Inicia-se com um pequeno-almoço forte e descansado. Acreditem que mais vale perder 30 minutos de sono, do que ganhar ansiedade, correndo de manhã, com os últimos preparativos.
A alimentação, como já foi referido, assume um papel determinante no sucesso do evento. Bebidas ricas em hidratos, e barras energéticas em quantidade, para reforços de hora a hora. A alimentação deverá ser frequente, e em pequenas quantidades. O carro de apoio procederá ao reabastecimento dos bidons. Caso não possua esta viatura, então há que recorrer ao Camelbak.
O percurso deve ser efectuado, sempre que possível em fila indiana cabendo a cada um a tarefa de puxar à frente durante 2 Kms se não houver vento de frente e 1 Km se o vento soprar de Sul com pouca intensidade, se o vento for muito forte encurta-se ainda mais o espaço que cada um puxa à frente.
A rotação deve efectuar-se por “queda” para trás do que vai na frente. Devemos rolar durante os primeiros 10 minutos a uma velocidade inferior a 30 Kms/h (sem vento) e a partir daí deve-se ir progressivamente aumentando o ritmo até se atingir uma velocidade de rolamento média de 35/38 Kms/h (nas zonas planas) até ao final em Sagres.